6 de set. de 2013

Gestão Ambiental realiza monitoramento de peixes na BR-116/RS

Controle acontece em oito arroios interceptados pela rodovia, além de banhados e charcos temporários

A Gestão Ambiental da duplicação da BR-116/RS, executada pela empresa STE S.A., iniciou no dia 03 de setembro a 4ª campanha amostral de peixes (ictiofauna) do Programa de Monitoramento de Fauna e Bioindicadores. O controle é realizado em oito arroios interceptados pela rodovia, além de banhados e charcos temporários encontrados em seu entorno. O objetivo é monitorar possíveis impactos das obras sobre os animais da Área de Influência Direta (AID) do empreendimento.


Os arroios são amostrados através de dois métodos tradicionais: puçá (rede de malha fina ligada a uma haste) e rede de arrasto. Os animais capturados são levados para análise e identificação em laboratório. Desde que as campanhas começaram foram encontradas mais de 80 espécies de peixes, entre as quais são comuns o lambari (Astyanax eigenmanniorum), traíra (Hoplias malabaricus), cará (Geophagus brasiliensis), jundiá (Rhamdia quelen) e birú (Cyphocharax voga). “É a fauna esperada e conhecida da Lagoa dos Patos. As atividades da obra têm causado interferência mínima na comunidade de peixes local”, analisa o ecólogo e consultor da STE S.A., Matheus Volcan.

Já nos alagados temporários, as amostragens são direcionadas especialmente ao monitoramento de peixes anuais. Isso porque este grupo apresenta uma distribuição reduzida a esses ambientes. A maioria das espécies vive somente no Rio Grande do Sul, tendo grande representatividade na Planície Costeira do Estado, onde se localiza a área de duplicação da BR-116/RS. Durante as campanhas já foram registradas as espécies Austrolebias jaegari e Austrolebias gymnoventris. Em função do endemismo (quando espécies se desenvolvem em uma região restrita) e especificidade de hábitat, esses peixes se tornam extremamente vulneráveis a mudanças ambientais causadas pela atividade humana, como as plantações de arroz e soja, o cultivo de árvores e a construção de açudes para irrigação. Devido a esses fatores, algumas espécies são consideradas ameaçadas.

O biólogo e consultor da STE S.A., Ândrio Gonçalves, explica que o período de maior atividade dos peixes anuais é entre maio e outubro. Durante as estações secas, os adultos morrem e deixam seus ovos embaixo da lama. Quando a chuva retorna, os filhotes nascem e atingem a maturidade sexual. Ou seja, o ciclo de vida se completa em aproximadamente um ano. “Estes peixes são o topo da cadeia dos banhados. Eles controlam o sistema e estabilizam o ambiente”, afirma o biólogo. O conhecimento adquirido durante as campanhas irá subsidiar ações de manejo e conservação das espécies encontradas na região.
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